SÍNDROME DE WHATSAPP ATINGE… O WHATSAPP
Hipocrisia e marxismo cultural comandam a “restrição” de compartilhamento de postagens no WhatsApp…
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
WhatsApp decidiu limitar reenvios de mensagens a 5 destinatários por vez. O anúncio é da direção do aplicativo.
“Estamos impondo um limite de cinco mensagens em todo o mundo a partir de hoje”, disse Victoria Grand, vice-presidente de comunicações do WhatsApp, em evento na capital indonésia.
Decisão foi adotada como uma tentativa de “combater a disseminação de informações falsas e rumores entre os usuários do aplicativo”. A ideia soa ridícula – algo como proibir conversas com mais de cinco interlocutores, visando limitar a fofoca…
A triste ironia, nessa decisão, é que o WhatsApp foi acometido pela síndrome que leva o seu nome. Explico:
A síndrome de WhatsApp
A “síndrome de WhatsApp” induz o acometido a traduzir o livre tráfego de informações como meio de transmissão de notícias falsas, boatos e distorções da verdade. Trata-se de um desvio cognitivo que impede o acometido de perceber que na vida, liberdade de expressão gera discernimento, e livre manifestação desarma a intriga e a maledicência.
A sensação de insegurança gerada pela síndrome costuma acometer burocratas tiranos e militantes de organizações liberticidas, que geralmente subestimam e desprezam o discernimento dos usuários dos dispositivos de dados digitais. Portanto, ela induz os acometidos à necessidade premente de exercer o controle do tráfego de informações e censurar manifestações nas redes sociais. O portador da síndrome, a pretexto de exercer a censura, sempre alegará combater as “fake news”, incluindo nesse rol, invariavelmente, também as opiniões que lhe são contrárias.
No fundo, é um nova versão da velha conhecida e inconfessável necessidade que alguns têm de controlar os outros.
Óbvio, portanto, que se pretende com a medida reduzir não as “fake news” e, sim, as “true news”, que derrubaram eleitoralmente o establishment, prejudicando o monopólio do pensamento que aquele pretende impor nas redes.
Hipocrisia contra a liberdade de manifestação
Há, de fato, uma dose muito grande de hipocrisia no pretenso combate às notícias falsas e boatos fabricados que circulam nas infovias das redes sociais.
Boatos e notícias falsas ocorrem desde os primórdios bíblicos da civilização; adquiriram grande letalidade durante o conturbado império romano, e estimularam o sadismo na santa-inquisição. Ganharam escala midiática no ocidente com o advento da imprensa livre, no século XIX e, por fim, tornaram-se método de propaganda e forma oficial de manipulação em massa com o advento dos regimes totalitários, no século XX.
Derrubado o Muro de Berlin, o mundo experimentou um período de expansão nunca antes visto da democracia e da liberdade de expressão. Com o fenômeno do big data, essa expansão democrática ganhou escala impressionante. O planeta tornou-se um sistema interconectado de informações, permitindo ao indivíduo comum fazer uso da tecnologia para transmitir diretamente aos concidadãos, suas impressões, sem necessitar dos filtros ideológicos organizados pela mídia tradicional ou constantes nas estruturas institucionais de representação.
Óbvio que o desmonte dos filtros analógicos pela intercomunicação digital, permitiu que todo tipo de idiotias, pornografias, fofocas, veleidades e formas radicais de pensamento emergissem nas telas dos computadores e celulares dos usuários de rede. No entanto, pelas mesmíssimas infovias, a verdade, o contraditório, o pluralismo, a indignação e a justiça também emergiram como demandas possíveis de serem obtidas e reconhecidas por multidões de usuários de rede, e isso tem provocado uma verdadeira revolução, pondo a pique mitos, ditaduras, políticas discriminatórias, doutrinas e comportamentos.
O establishment ameaçado pelos aplicativos de rede
A liberdade incontida proporcionada pelos dispositivos digitais conectados em redes sociais tornou-se de fato uma arma letal para o establishment, o status quo e o mesmismo. Também feriu de morte todo o sistema de comunicação dominado pelas corporações – jornais e periódicos, cinema, rádio e televisão.
Ocorreu, então, o “inevitável”. O establishment reagiu e começa a se apoderar das redes sociais, e usa a síndrome de insegurança face ás “fake news” como pretexto para censurar o tráfego de informações.
O apoderamento ideológico do establishment é sobretudo de ordem financeira e de governança. A nova configuração desse poderio é dialógica, as corporações financeiras sublimam a enorme e indecente concentração de capital que hoje promovem na economia, adotando em contrapartida uma espécie de marxismo cultural como forma de proselitismo comportamental. Com isso promovem uma forte degradação de valores cívicos, desagregam e dividem o tecido social, eliminando qualquer forma de resistência ao globalismo econômico.
Essa forma de diálogo “libertário”, na verdade é liberticida, pois pereniza exatamente a concentração de capital, desmonta a resistência política ao globalismo e “engessa” o comportamento da camada crítica da sociedade utilizando regras “politicamente corretas”. Ele reforça os cartéis e os pereniza – incluso os grandes conglomerados de comunicação, fortemente assediados pela crise de tecnologia. Não por outro motivo as regras de governança formam barreiras ao livre empreendedorismo, enquanto conduzem quem se aventura na livre iniciativa a socorrer-se financeiramente com o capital concentrador. De uma forma ou outra, quem se isolar da cartelização será segregado política e socialmente.
O laboratório foi o Facebook
Nas redes sociais, o Facebook tornou-se o grande laboratório do establishment. Ele iniciou sua debacle de governança a partir da imposição de filtragem ideológica na rede. Essa filtragem foi organizada pela IFCN – a rede internacional de checagem de fatos, absolutamente integrada ao conceito de marxismo cultural promovido por instituições que dialogam com a concentração de capitais, tais como as comandadas por George Soros, instituidor da Open Society Foundations, que promove os direitos humanos e a democracia – o lado bom, porém sob uma ótica “politicamente correta” – o lado mau.
Com efeito, é notório que o esquema de governança organizado por Zuckerberg (fundador da rede social), apadrinhado por Soros, foi tomado pelo marxismo cultural e, dessa forma, convive harmonicamente com o cartel financeiro dos bancos.
Hipocrisia e rentismo são absolutamente compatíveis, e necessitam de uma dose liberticida, de controle social, para sobreviverem.
O problema é que não bastou “calar” parcialmente o Facebook para retomar o domínio do fluxo de informações, e é nesse contexto que se deve observar a “eutanásia” politicamente correta agora aplicada ao WhatsApp.
A revolução veio pela direita
Está claro que o establishment foi surpreendido, na segunda década deste século, no Brasil e no mundo, pelo fenômeno das mobilizações por rede social. Também foi profundamente impactado pelo tráfego de comunicações e livre manifestação pelas redes – sem o crivo ideológico da mídia tradicional ou manipulação dos aparelhos de Estado. Lideranças fabricadas pelo cartel financeiro e pelos partidos políticos, por sua vez, foram atropeladas por youtubers, blogueiros e ativistas virtuais.
O paradoxal e mais interessante nesse fenômeno, é que o novo ecossistema digital não caminhou pela canaleta libertária-liberticida proposta pelo marxismo cultural. Ele revolucionou em direção ao RESGATE de valores morais básicos, de convivência democrática livre de censura ideológica dos estamentos do establishment e, sobretudo, protagoniza um violento ataque à doutrina do politicamente correto e ao marxismo cultural.
De fato, a nova geração digital… é de direita.
Os marxistas culturais, colados em Zuckerberg e financiados por Soros e cia., intentam destruir a liberdade de manifestação e de circulação de pensamentos no Facebook e buscam influenciar a governança no Twitter . Hoje controlam ideologicamente a rede social do Facebook como guardinhas de trânsito… Porém, o whatsapp, por ser um sistema sujeito às regras de respeito à conversação privada, escapou ao controle.
O whatsapp, então, pari passu com o twitter, fragilizou a estrutura midiática do establishment e desnudou a manipulação patrocinada na grande imprensa – daí a “síndrome do WhatsApp”, que afetou esquerdistas e burocratas encastelados no establishment, e que também apavora jornalistas das grandes redes.
Será preciso reagir
Os zumbis analógicos da burocracia digital não compreenderam que as funcionalidades eletrônicas otimizaram barbaramente a mobilidade e a intercomunicabilidade. De forma alguma desnaturaram o caráter íntimo e privado do que se transmite nas conversas e bate-papo virtuais, entre familiares, amigos e conhecidos.
Porém, em nome do politicamente correto, pretende-se reduzir a capacidade de expressão em larga escala “das pessoas comuns” no WhatsApp. Gente normal, pelo visto, assusta o establishment.
Por isso a “comemoração” dos cabeças de planilha, com o anúncio da “redução das fake news”, por conta da limitação de circularização de mensagens.
Hora de pensar, sinceramente, em migrar de redes, como protesto.
Leia também:
PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “COM CARTEIRADA NÃO SE RESOLVE CRISE DE LEGITIMIDADE”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2018/10/com-carteirada-nao-se-resolve-crise-de.html
PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “O JORNALISMO ANALÓGICO E O FENÔMENO POLÍTICO DIGITAL”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2018/10/o-jornalismo-analogico-e-o-fenomeno.html
PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “DITADURA DA TOGA SOBRE O WHATSAPP… FERE O BRASIL”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2016/07/ditadura-da-toga-sobre-o-whatsapp-fere.html
PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “A GRANDE REVOLUÇÃO DIGITAL”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2013/06/a-primavera-digital.html
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP) , sócio-diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Consultor do Banco Mundial, IFC, PNUD, UNICRI, Governo Federal, Governos Estaduais e municípios e membro das Comissões de Direito Ambiental do IAB e de Infraestrutura da OAB/SP. Jornalista, é Vice-Presidente da API – Associação Paulista de Imprensa, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal, Editor da Revista Eletrônica DAZIBAO e editor do Blog The Eagle View.
Fonte: The Eagle View