QUEM CRIA LEGALMENTE OS PÁSSAROS, TAMBÉM PRESERVA A FAUNA

A salvação do nosso meio ambiente está na preservação e defesa da fauna silvestre, na preservação dos habitats naturais e ecossistemas e, também, na criação e reprodução dos pássaros em cativeiro.

 

calopsita

 

Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*

É um grande engodo achar que um pássaro, seja qual for a circunstância, sabe se virar sozinho. Não é bem assim. Pássaros nascidos em cativeiro não sobrevivem na natureza, filhotes caídos de um ninho também não. Pássaros recolhidos de locais degradados, feridos ou mutilados necessitam muitas vezes permanecer ou passar um período de recuperação também em cativeiro.

Há quem confunda a criação e reprodução em cativeiro com maus tratos, quando na verdade essa prática costuma ser a salvação de várias espécies, mundo afora – até mesmo para permitir uma forma controlada e eficaz de repovoamento de ecossistemas.

Houve uma enorme evolução na criação de pássaros no Brasil e no mundo. Maus tratos comuns de tempos atrás, são hoje criminalizados e a comunidade de criadores têm se organizado na fiscalização de sua atividade – no campo profissional e amadorístico.

O tráfico e a mutilação são crimes. Jamais podem ser confundidos com a criação. É a atividade legalizada a grande muralha de proteção contra o tráfico e o comércio ilegal. Combater os criadores legalizados e o comércio lícito, é estimular o crime organizado e a ilegalidade.

Psitacídeos também se afeiçoam, em especial os de grande porte. A convivência com os humanos é fruto de uma evolução de séculos que não pode ser ignorada. Uma relação de amizade com um psitacídeo é para toda a vida ou talvez até para os sucessores. O pássaro separado de seu cuidador muitas vezes sofre mais que um cão separado de seu dono.

Não se pode negar a enorme evolução pela qual todos nós, humanos e animais ditos irracionais, estamos passando – e parece que esse fenômeno tem ocorrido de forma acelerada. A criação dos animais em cativeiro também se alterou, e muito, nas últimas décadas e vem sofrendo grandes transformações nos últimos anos. Ignorar isso para combater a atividade é o mesmo que ignorar a evolução humana no trato com os animais.

A proliferação do Canário do Reino, que – na minha opinião, canta mais e mais bonito que qualquer outra ave, deve-se à evolução de sua criação em cativeiro – e é desta base que estudam repovoamentos em áreas naturais com a ave. Calopsitas, legalizadas, são animais facilmente domesticáveis, que fazem a alegria dos humanos com menor manutenção que um cão.

O foco de todos nós, Poder Público e criadores, deve ser o combate ao comércio ilegal e ao tráfico criminoso – jamais a perseguição a quem cria e cuida bem.

Defender os criadores e o comércio legal é contribuir decisivamente para a defesa dos animais de estimação e permitir a sua proteção.

 

 

afpp222*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe dos Portais Ambiente LegalDazibao e responsável pelo blog The Eagle View.  Twitter: @Pinheiro_Pedro. LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/pinheiropedro

 

Fonte: The Eagle View
Publicação Dazibao, 28/11/2020
Edição: Ana A. Alencar

 

 


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