OS ABUTRES E O TERROR EM ORLANDO
O atentado terrorista e os militantes do oportunismo
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Omar Saddiqui Mateen, um psicopata wahhabista, protagonizou o pior ataque a tiros da história dos Estados Unidos, matando 50 pessoas e ferindo outras 53, até ser abatido pela polícia de Orlando, na Flórida. O alvo escolhido por Omar foi uma boate gay, lotada no momento do atentado. Segundo apurou o FBI, o atentado foi meticulosamente planejado – Omar frequentou a boate, escolheu o armamento, incrementou o mecanismo de disparos, aumentou o estojo da munição e ligou para o 911, para informar a polícia do que pretendia fazer e o “propósito” da ação.
Omar possuía histórico de violência doméstica praticada contra sua mulher e constava no rol de suspeitos de terrorismo da inteligência americana. Porém, a polícia não tinha indícios claros de que se tratava de “lobo solitário” prestes a entrar em atividade.
Esses são os fatos que formam o quadro trágico.
Esse quadro seria suficiente para mobilizar pessoas de bem a cerrar fileiras contra o terrorismo, a intolerância e o sectarismo.
No entanto, o fato acabou ideologicamente “sequestrado” para servir à dissimulação, pintada em várias cores por abutres de toda ordem – políticos oportunistas, militontos em busca de causas, minorias sectárias e idiotas do politicamente correto, palpiteiros cibernéticos – todos ávidos por desconstruir a tragédia e, sobre ela, erguer uma muralha de pretextos.
Nada pior que reagir “seletivamente” a um terror que atinge a todos, indiscriminadamente…
Eubulides de Mileto, no Século 4 a.C., perguntou: “Um homem diz que está mentindo. O que ele diz é verdade ou mentira?”
O paradoxo do mentiroso de Mileto aplica-se ao cipoal de sofismas vomitado pelo abutres proselitistas em função da tragédia de Orlando. Senão vejamos:
Ideólogos do gênero desconversam a condenação ao terrorismo para “reduzir” o atentado a uma “manifestação homofóbica”. Ignoram que o ódio terrorista não é apenas homofóbico. É também misógino, infanticida, teocrático, liberticida, etc.
Revelam, assim, solidariedade seletiva. Externam, talvez sem o saber, um profundo egocentrismo social, enrustido em suas manifestações.
“Sintomático”, diria Freud…
Fetichistas do desarmamento, mencionam o descontrole na aquisição de armas nos EUA, para atacar o direito do cidadão americano à autodefesa. Estão pouco se lixando para o detalhe mórbido da coisa: terroristas, quando entendem necessário, usam armas, independente da legislação aplicável pelo Estado.
Assim fizeram na França, onde o controle legal é rígido e o porte de armamento é proibido.
Pior… Quando o objetivo é praticar o terror, até panela de pressão vira arma.
Hipócritas esquerdistas se superam. Espalham aos quatro ventos seu repúdio às manifestações de (outros) imbecis de direita – que fazem troça do gênero das vítimas ou da origem familiar do assassino – como se a reação de preconceituosos substituísse o terror intrínseco ao fato.
Declaram todos, por manifestações de rua, pronunciamentos pomposos na mídia ou pelas infovias, seu apoio velado ao terrorismo – que dissimuladamente filtram em seus pronunciamentos, concluindo não ser um crime em si, mas uma “forma extremada de denúncia social”…
Por fim, os xenófobos isolacionistas. Covardes direitistas que pregam o fechamento das fronteiras para refugiados muçulmanos, como se estes não estivessem fugindo de uma barbárie que deveria ser combatida na fonte, na origem do desterro – fato deliberadamente ignorado pelo atual governo dos EUA e governos europeus. Reclamam do efeito, mas deixam “a causa” para o “trabalho sujo” de Russos, Curdos e Sírios. Ou seja, querem eternamente enxugar gelo.
Lixos oportunistas! No entanto, componentes simbióticos na ecologia do terror.
O terror não discrimina. Ele é a própria discriminação…
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.