O NARCO-NAZISMO VENEZUELANO ESTÁ MADURO PARA CAIR…
A crise, os protestos, o exército e as milícias narco-nazistas, formam a intragável salada bolivariana na Venezuela.
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, renova o Estado de Emergência, reprime manifestações populares, retarda o referendo sobre sua permanência no poder e aumenta o efetivo de sua milícia paramilitar. Está temeroso de perder o apoio das forças armadas. Tudo isso, em meio às ruínas da economia venezuelana.
Maduro estendeu por mais 60 dias o Estado de Emergência Econômica, um instrumento de exceção que lhe dá poderes especiais para suspender a ordem constitucional, visando garantir o funcionamento da economia.
A exceção é a regra
O decreto foi baixado na sexta-feira, 13 de maio.
O ato marcou a data de 120 dias, desde que Nicolás Maduro, em um movimento asqueroso, que a oposição chamou de golpe de estado, decretou pela primeira vez o Estado de Exceção, por meio de um decreto inconstitucional.
Aliás, a inconstitucionalidade virou “princípio constitucional bolivariano”, segundo se pode compreender das estapafúrdias decisões da mais subalterna e politicamente corrompida justiça da américa latina: a venezuelana.
A Venezuela, após anos de regime esquerdista, quebrou. Tornou-se um país miserável, algo como um mendigo com chagas expostas, sentado em milhões de barris de petróleo. Falta tudo, de energia a cerveja, passando por papel higiênico, remédios e alimentos básicos.
A economia venezuelana movimenta-se, nos dias de hoje, apenas dois dias por semana – no mais, o país permanece literalmente no escuro.
A crise de energia revela o despreparo e a incompetência administrativa, a corrupção e a burrice, elevada a critério de escolha para liderança – características típicas do sistema esquerdizóide bolivariano instalado no país.
Maduro usa, para decretar o estado de exceção, como justificativa, uma emergência econômica que ele mesmo provocou.
Em mais um de seus insistentes discursos ufano-imbecis, Maduro justificou o decreto de manutenção do estado de emergência “devido à situação econômica e de segurança no país”, que segundo ele são “causados por forças estrangeiras” que querem, supostamente, “tentar derrubá-lo.”
“Eu decidi adotar um novo decreto sobre estado de emergência e emergência econômica, que me dá o suficiente para derrubar o golpe, e vencer a guerra econômica, para estabilizar socialmente o nosso país e para atender a todas as ameaças internacionais e nacionais que atuam contra nossa pátria neste momento”, disse o histriônico vara-pau, tremelicante.
Maduro não deu detalhes sobre se a nova medida implica restrição de outras garantias constitucionais, que fazem parte do estado de emergência, tais como o direito de livre circulação, as “inspeções domiciliares” sem mandados, proibição de reuniões públicas e a suspensão do porte de armas.
Bem entendido, claro, que a suspensão do porte de arma, na Venezuela – da mesma forma como decidido pelos esquerdistas no Brasil, só vigora contra cidadãos de bem. No caso da Venezuela, movimentos sociais paramilitares são autorizados a portar armas, e integram o aparato de defesa do estado como “milícias populares”.
O clamor popular está nas ruas
A polícia de Maduro, na mesma semana da renovação do Decreto, impediu o avanço da monstruosa manifestação pacífica convocada pela oposição ao Governo bolivariano, na quarta-feira – 11 de maio.
A marcha pretendia chegar à sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para exigir que o órgão acelere os trâmites para a realização de um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro antes do final do ano.
O governo considera o centro histórico da capital venezuelana, onde está a sede do CNE, um feudo privado. Como tal, ciente da manifestação popular, Maduro convocou sua tropa de choque bolivariana para se manifestar “pela rejeição à lei que outorga titularidade” das casas e apartamentos entregues pelo Governo como parte da “Grande Missão Moradia Venezuelana” – o “minha casa, minha vida” de Hugo Chávez. Por óbvio, a manifestação era uma desculpa para evitar que os adversários penetrassem em um lugar quase sagrado para eles.
A jornada de lutas contra Maduro pode reacender as piores lembranças da violência política dos últimos 17 anos. Há na disposição dos oposicionistas a necessidade de buscar uma saída política rápida para a profunda crise do país. Porém, o governo Maduro, que, salvo o Parlamento, controla todas as instituições, tem pressionado para que “sejam respeitados os decursos legais” – visando, desse modo, adiar o maior tempo possível o referendo.
Tudo indica que em uma eventual consulta popular – a menos que manipulem os dados, os bolivarianos serão fragorosamente derrotados.
Chicanas e Cabello
Para a oposição é vital que a revogação seja realizada este ano – caso em que seriam convocadas novas eleições. A partir de janeiro de 2017, Maduro cumprirá quatro anos no poder e, no caso de derrota no referendo, seu vice-presidente – o narco-político Diosdado Cabello, completaria o período.
Há quem diga que o atabalhoado Maduro é um fantoche de Diosdado Cabello – o verdadeiro herdeiro político de Hugo Chaves, e mentor do sistema de articulações políticas que formou a rede de relacionamentos envolvendo narco-guerrilhas, movimentos sociais (como o MST brasileiro) e partidos de esquerda sul-americanos – rede esta que enredou toda a política internacional petista, nos governos Lula-Dilma…
Essa a razão para que muitos entendam que a pressa oposicionista não se justifica…
O processo pretendido pela oposição venezuelana – tradicionalmente dividida e politicamente fraca, ainda é complexo e cheio de obstáculos.
A oposição pensava que uma vez consignadas as assinaturas do CNE os técnicos levariam cinco dias consecutivos, que culminaram na segunda-feira, dia 9, para revisar as planilhas e convocar os signatários a ratificar que essa era sua vontade, para o que são outorgados outros cinco dias. No entanto, as autoridades querem esperar que se concluam os 30 dias estabelecidos nas normas para completar o processo de recolher 1% das firmas, para então verificar que tudo esteja em ordem.
A oposição precisa de quase 197.000 assinaturas para seguir para a etapa seguinte: outro grande evento no qual 20% dos inscritos no Registro Eleitoral solicitarão a convocação da eleição que decidirá se Maduro deve permanecer no poder ou deixar o principal cargo venezuelano. Os opositores já apresentaram à CNE 1.8 milhão de assinaturas.
Semelhanças e diferenças com o caso brasileiro
O “impeachment” Venezuelano depende das Ruas – e as ruas já estão dando sua resposta contrária a Maduro. Porém, no caso venezuelano, isso não é o bastante.
Tal como ocorreu no Brasil, os milhões de habitantes que vagam em manifestações espetaculares pelas ruas, ainda dependerão de alguma dissenção interna na seara política do governo, de algum laivo de consciência de personagens corajosas – seja por redenção moral, seja por canalhice, que poderão provocar a ruína do governo bolivariano.
No Brasil, a queda do governo petista se deu na medida em que a arrogância no poder – e a decomposição da base governista, geraram dissenções, o que permitiu que líderes mais espertos que os chicaneiros a serviço do poder, resolvessem seguir as regras que lhe foram impostas e, usando de arguta inteligência, desmontar, dentro dessas regras, uma a uma, as chicanas preparadas para que o Governo Dilma ganhasse tempo…
O Brasil, no entanto, demonstrou possuir um sistema democrático civil e constitucional – e suas forças armadas deram prova recente de absoluta isenção política e blindagem ideológica à cantilena caudilhesca de ocasião.
Já a Venezuela, mergulhou no Estado de Exceção – a partir do seu aparato militar e, com exceção do parlamento nacional – sujeito ao voto popular, todo o restante sistema de Estado está dominado pelos bolivarianos.
O aparato militar
No entanto, em meio à crescente turbulência, Maduro começa a enfrentar a crescente desconfiança das Forças Armadas. Trocou o comando e aumentou o salário das forças armadas em 45%. Em troca pediu aos militares que “permanecessem leais à pátria, à sua ideologia, doutrina e treinamento”.
Sem ter o carisma e, principalmente, a patente militar de seu antecessor – Coronel Paraquedista Hugo Chaves, restou a Maduro seguir o conselho do imperador Sétimo Severo, o tetrarca romano, que no seu leito de morte, em 211 d.C., disse a seus filhos: “Sejam harmoniosos, enriqueçam os soldados e desprezem todos os outros homens.”
Considerando-se a implosão econômica da Venezuela diante da drástica queda das receitas do petróleo, Maduro está se certificando que os militares estejam bem armados e sejam bem pagos, para que suprimam a dissidência interna e permaneçam fiéis a ele.
O governo da Venezuela mantém intenso comércio armamentista com a Rússia, Espanha e China, sendo que esta última vem, gradativamente, se apossando dos recursos petrolíferos venezuelanos.
Porém, “nem todos os soldados são leais ao regime Chávez-Maduro”, disse Graça Salgueiro, uma especialista em política latino-americana da organização Mídia Sem Máscara, um periódico online editado para a américa espanhola.
“Os fiéis que ainda gritam ‘Pátria, socialismo ou morte. Nós venceremos!’, são aqueles oficiais de alta patente beneficiários do tráfico de drogas com as FARC – a guerrilha de esquerda da Colômbia, fortemente envolvida no tráfico de drogas para Estados Unidos e Europa – que com quem eles têm relações estreitas”, disse Graça Salgueiro.
“Esses narco-generais são conhecidos na Venezuela como ‘Sóis do Cartel’ – pois usam um emblema de sol em seu uniforme, no lugar da habitual estrela que identifica a hierarquia militar, e participam de grandes esquemas de corrupção, há muito conhecidos da inteligência dos EUA”, disse a jornalista.
É da natureza militar a manutenção de uma conduta firme, baseada em valores.
Pelo visto, o forte discurso patriótico, que manteve o alinhamento dos militares com o Chavismo, não mais resiste ao festival de imoralidades politico-administrativas que desfiguram a farda que vestem, deslustram sua postura e quebram seu orgulho.
Como disse Churchill – “não se pode enganar a todos todo o tempo”.
Em direção ao narco-nazismo
Ciente da progressiva inquietação militar, que, como ocorreu no caso da dinastia dos Severo, não foi contida com aumento do soldo, Maduro recorre aos ensinamentos de seu guru maior (e também de Hugo Chaves): Adolf Hitler.
Assim, o filoditador reforça incrivelmente o efetivo e armamento de suas milícias paramilitares – as “S.As.” (Tropas de Assalto nazistas) bolivarianas.
O modelo declarado oficialmente, por óbvio não é esse. São os Comitês castristas de Defesa da Revolução – CDRs, que evitaram a invasão na Baía dos Porcos, em Cuba, nos anos 60. No entanto, Castro, leitor assíduo e declarado de Mein Kampf, tinha a quem imitar…
Maduro esgota os recursos de que dispõe para comprar armas e aparelhar sua crescente milícia popular. Fornece uniforme, armas, munição, salários, alimentação e privilégios a uma massa de gente miserável que, sofrendo com a miséria, vê na carreira paramilitar uma forma de ascensão social.
Isso, por sua vez, aumenta a inquietação entre os militares da Venezuela.
As “milícias operárias”, formam um “corpo de defesa nacional”. Criadas em 2005 por Hugo Chávez – com efetivo de 130 mil pessoas, essas milícias são formadas por todo tipo de quadros – de idealistas a imbecis completos, de jovens fortes a senhoras idosas e frágeis – todos armados com fuzis K-47 de última geração.
Dividem-se em milícias operárias e camponesas (interessante é que não há mais indústrias na Venezuela e… a agricultura está se tornando incipiente).
Na ausência de mobilizações eficientes ou voltadas para algum esforço nacional de reconstrução econômica que implique em trabalho, os milicianos bolivarianos, ao contrário das SA nazistas (que tinham os judeus para descarregar seu ódio), provocam todo tipo de achaques e violência urbana, formam a vanguarda de invasões, atos de intimidação, sequestros, assassinatos e extorsões.
Não há como não relacionar a criminalidade com as milícias.
A partir da repressão ao porte de armas aos cidadãos de bem e cessão de armamento a miseráveis ideologicamente subalternos, a violência disparou.
Quando Hugo Chávez se elegeu, em 1999, o país registrava cerca de 6.000 homicídios por ano – uma taxa de 25 por 100 mil habitantes (semelhante à do Brasil – que já é considerada elevadíssima). A partir de 2005, com o agravamento da crise econômica e dos padrões morais venezuelanos (sim, valores invertidos estimulam a criminalidade…) o índices ultrapassaram 20 mil assassinatos por ano, segundo dados da ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV).
O índice de homicídios por 100 mil habitantes triplicou, e coloca o país entre os mais violentos do mundo. Os roubos a mão armada e os sequestros-relâmpago – chamados na Venezuela de “sequestros express” – também se tornaram delitos comuns. Decididamente, não é mais um país para se visitar – a menos que seja alguma autoridade petista…
Apoiando-se nessas milícias de padrão moral duvidoso, declarou Maduro: “Ordeno avançar, o mais rápido possível, com o estabelecimento e a organização das milícias operárias bolivarianas como parte das milícias nacionais.”
O objetivo “é fortalecer a aliança operária-militar” e obter um maior respeito para a classe trabalhadora, afirmou Maduro em cerimônia de formatura na Universidade Bolivariana de Trabalhadores Jesús Rivero, em Caracas.
“Serão ainda mais respeitados se as milícias tiverem trezentos mil, um milhão, dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras uniformizados e armados, preparados para a defensa da soberania e da revolução.”
Como não há alternativa de emprego na Venezuela bolivariana fora do Estado, sobram a criminalidade e a atividade política orientada, paramilitar.
Decididamente, a Venezuela mergulha no transe nazifascista, sem líderes equivalentes, e orientada por imbecis e narcotraficantes.
Os bolivarianos, enfim, inventaram o narco-nazismo…
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.