NADA DO QUE FOI SERÁ…
Há um golpe em curso no Brasil
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
“Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará”…
A obra prima de Lulu Santos e Nelson Motta não apenas consola e anima nosso cotidiano pessoal. Aplica-se ao processo político no Brasil.
Passada a ditadura, iniciada a Nova República, estabilizada a economia e reabertos os portos á globalização, sobreveio o populismo no pior estilo bolivariano, seguido do governo de transição e a aplicação do inevitável remédio amargo. O resultado sentimos hoje, na pele e no bolso.
No ir e vir infinito das ondas do mar, o quebra mar da moralidade desabou. Após as marolinhas, veio o tsunami de corrupção, afogando a cidadania.
O momento é de extrema gravidade. Diante de um governo fraco, refém de um parlamento corrupto e viciado pela política de coalização partidária praticada por treze anos de lulopetismo, a reação dos estamentos burocráticos e das camadas corrompidas da política ganha incalculável capacidade de rearticulação.
Não há “Operação Lava-Jato” que iniba a corrupção. Ela “vem em ondas, como o mar… num indo e vindo infinito”.
Daí a enorme dificuldade do cidadão separar o joio do trigo na vazão da maré. É nesse momento que a pior jusburocracia se alia ao populismo se segue de mãos dadas com a politicalha corrupta, visando retomar as rédeas do poder em prejuízo do Brasil.
Há um golpe em curso no Brasil. Populista, burocrático-sindical e apoiado pelo crime organizado (de alto e baixo coturno). Esse movimento dos parasitas da pátria só é possível por conta da bananice instalada na República, em todo o território nacional.
Os parasitas ganham força na República dos Bananas Assassinos. Bananas por ser esse o apelido dado em nosso país a indivíduos pusilâmines, sem iniciativa ou acovardados. Assassinos porque, na Ordem Social, na Segurança Pública e na Justiça, a pusilanimidade mata. Somos uma nação de cidadãos encarcerados, enquanto os bandidos gozam do direito de ir e vir. A bananice homicida governamental não tem limites.
A frouxidão de respostas de todos os governos – dos municípios ao Planalto Central, acaba expondo aparelhos de combate á corrupção, instalados em vários pontos do país, tornando-os ilhas de resistência em meio ao chorume fétido da decomposição moral em curso no estado brasileiro.
Essa articulação dos parasitas da república, no entanto, é dissimulada. Faz uso até dos ganhos obtidos pelo combate à corrupção para, com eles, atacar a própria estrutura que suporta esse mesmo combate.
São vários os exemplos, mas o que está á vista de todos é justamente o comportamento dissimulado do próprio Ministério Público Federal ante a operação Lava-Jato, por ele liderada. A dissimulação reflete a enorme fissura institucional em curso nessa organização.
O esquema é simples: cientes da cumplicidade omissiva do STF, a esquerda do MPF se articula para armar um grande liquidificador processual. Ela procura misturar corruptos da Lava-Jato com TODOS os políticos envolvidos com doações de campanha. Assim, pelo visto, ninguém será realmente punido. Os processos seguem em passos de tartaruga, aprisionando poucos por muito tempo, detendo muitos por pouco tempo e premiando delatores que deveriam somar nos muitos e nos poucos. Assim, todos ganham e(só o contribuinte brasileiro perde…
Verifiquem outro óbvio ululante: partidos políticos foram claramente beneficiados pela corrupção e são partícipes confessos dos arranjos arrecadatórios envolvendo os corruptos. Fossem um, fossem todos. o fato é que estão sob a mira da justiça desde o escândalo do mensalão e, portanto, já deveriam de há muito ter sofrido cassação de registro. Porém, o MPF, até agora, nem cogita isso. O Supremo Tribunal, então, já tratou de liberar todos os mensaleiros beneficiários, com exceção de dois operadores financeiros…
Enquanto a canalha luta para manter a cabeça na superfície da lama, o caos toma conta do país. inclusive no sistema prisional. Nunca se matou tanto em tantos lugares por conta da mais banal criminalidade.
Todo esse caos guarda uma razão. Aliás, o caos tem finalidade. Ele interessa a quem não se interessa pelo Brasil. E o interesse pelo poder, não se confunde com o interesse pela pátria.
Esse caos já operou bons resultados no sentido de transformar o Brasil no continente do crime organizado. Basta ver os seus efeitos na nossa (in)segurança pública – aquela encarregada pela moribunda constituição de 88, de zelar pela Ordem Pública e a integridade das pessoas e seus bens.
A segurança pública sucateada integra a programação do caos. A polícia dos estados já desapareceu. Delegados não comandam mais a polícia, investigadores não investigam e o Ministério Público, que deveria fiscalizar externamente a atividade, hoje, opera a atividade diretamente. Isso não representa ganho e, sim, perda de recursos humanos, de energia e de material.
O judiciário dos estados perdeu-se entre benesses corporativistas e absoluta incapacidade estrutural de conferir alguma eficácia na tutela criminal (civil também). Está afogado em milhões de processos inconclusos – quase um milhão de mandados de prisão não cumpridos e reduzido a um mecanismo de liberar marginais perigosos enquanto prende roubadores de lata de leite ninho e mulas de traficantes.
Os governos estaduais, a quem competiria organizar as polícias e a Justiça, viraram piada. São sacos de pancada da mídia.
A mídia é um caso á parte. PM morto é notícia de pé de página, bandido é sempre suspeito e marginal morto é cidadão. Se o cidadão de verdade reage…deveria ir preso. Isso é o que informa a mídia, e isso não é reflexo de qualquer banalização. A omissão sem civismo e a vitimização do crime é proposital. Envolve esquerdas sórdidas inoculadas na imprensa e a omissão deliberada e oficial dos governadores bananas, sejam estes da tucanagem emplumada ou peemedebistas corruptos (a bananice é pluripartidária).
Se a segurança pública paulista faliu, a falência já ocorre no Brasil todo.
A classe política brasileira afunda na lama e carrega com ela as instituições em frangalhos. A coordenação entre movimentos sociais e criminalidade organizada, por outro lado, é explícita.
Enquanto isso, as Forças Armadas assistem a tudo de camarote. Apenas esperam…
O cidadão de bem, desarmado pelos vermes da burocracia, protege-se como pode.
Não há mais saída, a não ser armar o cidadão de bem – para que se proteja e á sua família, como afirmação de sua dignidade e reconhecimento de sua soberania popular.
Será preciso organizar a ocupação cidadã das praças e ruas. Devemos todos retomar a crítica civilizada e corajosa, e isso deve partir das ruas, da classe média e do que resta de inteligência não aparelhada no país.
Inteligência não aparelhada sim, porque a inteligência está desaparecendo. A grande dificuldade , quando se fala em passar a limpo o país , está em desaparelhar as instituições inteligentes – órgãos profissionais, institutos e universidades.
As universidades públicas , que sempre foram berço do pensamento nacional, renderam-se de vez ao excremento esquerdopata. Hoje, chegam a comprometer carreiras, projetos, pesquisas e eventos – para privilegiar os interesses ideológicos. Mas não é apenas isso. Esmagados pelos fatos, os idiotas da militância burra estão entrincheirando os aparelhos de Estado.
Eles vão radicalizar, e para tanto contam com a cumplicidade da jusburocracia gorda em benesses e aparelhada em inteligência.
Grande parte da PGR, do Ministério Público dos estados e parcela do judiciário… são cúmplices de todo esse caos. Desde o tormento de obstruir a menor tentativa de implementar algum programa governamental que saia da mesmice até a perseguição institucional à grandes políticas públicas.
As “listas de Janot”, que hoje atormentam a classe política, não tardará muito, entrará no anedotário nacional. Isso porque a “massificação” política de listas de denunciados, ao contrário do que parece, não visa combater a corrupção. Tem o condão de FULANIZAR próceres dos governos Lula e Dilma … relevando e diluindo responsabilidades no mar de imoralidades cotidianas que poluem o ambiente político e econômico nacional.
O STF, em sua judicatura classificada como a pior de sua história… não só ajuda, como alimenta todo esse caos. Da destruição sistemática às instituições da família à negação de proteger o nascituro, com base em reinterpretações de normas em vigor há décadas, o trabalho “criador” dos ativistas judiciais togados não conhece limites…
A Constituição em vigor já foi tomada de assalto pelos verdadeiros golpistas – os que foram apeados do governo e os que nele de certa forma continuam.
Na base de tudo… os rentistas – o capital financeiro com o maior índice de lucratividade do planeta…
A “onda”, no entanto…não é eterna. Como diz Vinícius, “a vida vem em ondas como o mar, num ir e vir infinito”…
Urge que o povo – a parcela interessada no desenvolvimento econômico, político e social do país (na definição clássica de Nelson Werneck Sodré), reaja e elimine todo esse mal, demolindo a estrutura institucional apodrecida que serve de abrigo aos parasitas da pátria.
Será preciso quebrar a ordem constitucional que não mais nos convém, se realmente quisermos resgatar nossa soberania e unidade.
Lulu Santos que o diga.
Em algum momento, nós também diremos, como uma onda no mar…
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa – API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.